terça-feira, 13 de setembro de 2011

Suzy

Um telefonema:
"Mãe, tem um filhotinho perdido aqui no ponto de ônibus..."
Não fui ver, na hora... A Arca já estava superlotada e já sabia como meu coração é... A manhã foi passando, muitas coisas para fazer... Mas precisei sair e, no caminho, encontrei a cachorrinha enrodilhada na passarela do metrô. Não consegui seguir adiante. Parei e observei que estava com feridas no pescoço e no corpo.
Já tinha visto essa cachorrinha antes, mas ela tinha sumido. Achei (suspeita que depois se confirmou) que ela tinha sido recolhida por alguém. Depois soube que sim, uma mulher a havia acolhido, mas tinha colocado de volta dias depois. Provavelmente foi por causa da sarna, que é comprovadamente difícil de curar.
Voltei, fui até o pet shop e comprei um peitoral e uma guia. Conversando com ela, coloquei o peitoral, mas ela se assustou quando a puxei. Demorou para ela percebeu que eu queria que ela andasse ao meu lado.

E fomos andando até uma clínica veterinária. No caminho, eu ia pensando: "Meus Deus, e agora?" Já estava com o Frederico doente, recolhido com cinomose, e aquela era uma filhote bem debilitada. Se a levasse para casa, ela ficaria mais doente, com certeza. Chegando na clínica, foi diagnosticada com sarna negra. E não havia lugar para ela ali, pois era uma clínica voltada para a proteção animal e estava superlotada.
O jeito foi ligar para a outra clínica, e a veterinária maravilhosa que cuida dos meninos da Arca disse: "Traz prá cá... Vamos ver o que podemos fazer..."...


E nesta clínica ela ficou, por um bom tempo. Tratada, foi vacinada e castrada... Foi tratada com muito carinho e lá fez muitos amigos.
Quando, enfim, pude trazê-la para a Arca, ela já estava bem mais forte e os pelos já tinha crescido um pouco. Era uma pelagem cinza, de um tom prateado, muito bonito.
E Suzy desabrochou e tornou-se uma cachorrinha muito alegre e bem humorada.

Tempos depois, notei que as feridas tinham voltado. A sarna negra é oportunista e volta, cada vez que o animal está debilitado. Notei que ela ficou triste e supus que ela estava com medo de ser abandonada novamente.
(Sim, os animais tem sentimentos e memórias...)
Mais uma batelada de medicamentos, banhos e carinho e pronto, ela se curou novamente...

O que nos comove na história da Susy, é a recuperação do brilho do seu olhar. De uma cachorrinha triste e cabisbaixa, transformou-se em uma cachorrinha com o olhar franco e direto, plácido e feliz. O que o amor e o carinho faz com os seres não tem como explicar, a não ser pela fé.

Quando encontramos um cachorrinho na rua, nem imaginamos como ele ficaria, se bem cuidado.
Quando recolhemos um cãozinho da rua, não temos noção do tamanho do amor que eles nos dedicará para sempre.



E nesse exercício de amor nós também nos transformamos. E conhecemos a força do amor, o seu poder de transformação, sua infinitude...
E sabemos que o carinho é algo que alimenta a alma de quem dá e de quem recebe, e se traduz em brilho e luz, que transborda nos olhares e no coração...







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