quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Branca

Branca foi encontrada pela Gi, em um estacionamento. Seu estado era lastimável: parecia que tinha sido queimada, seu rosto estava com uma feia marca, seu pescoço com uma ferida feia e ela mancava muito. Apesar da sua situação, abanava o rabinho para todos e parecia muito feliz.

Na época, setembro de 2008, tínhamos acabado de receber a notícia de que a Parceira, que também havíamos acabado de recolher das ruas, estava com cinomose. Ficamos apavoradas: como recolher uma cachorrinha já tão debilitada, com outra com uma doença tão séria em casa? Mas não havia como dar as costas para a cachorrinha branquinha, tão machucada mas tão alegre e cheia de vida.




E lá veio a Branca para a Arca e para a nossa vida. Com ela, descobrimos que a alegria e o alto astral é muito importante para superarmos os obstáculos. E que tudo pode ser motivo para uma brincadeira. Também descobrimos que, para os animais, uma deficiência não é limitante para o pleno aproveitamento da vida e de tudo o que ela nos oferece.


Branquinha é a cachorra mais alegre da Arca, apesar de se locomover apenas com três patinhas. E assim, ela consegue dar umas piruetas bem engraçadas, que nos faz rir o tempo todo. Dá cada reviravolta que é difícil pegá-la, quando ela não quer ser pega.
Muito alegre e sempre feliz! Essa é a Branquinha da Arca!!!
























domingo, 18 de setembro de 2011

Neneca

31.12.2008....
Estávamos, eu e Gi, na varanda, observando o movimento, quando vimos aquela coisinha minúscula, andando atrás de um homem que carregava uma sacolinha de plástico. Corremos para o muro para ter certeza do que tínhamos visto e logo percebemos que o cachorrinho não era do homem, que havia atravessado a rua e já estava longe.

Vimos quando uma mulher o pegou no colo e o acalentou. Isso nos deixou contentes, mas foi só por um momento: ela correu com o cachorrinho no colo e o jogou no quintal de uma vizinha!!!!

Resolvi ir ver o que aconteceria mais de perto e fui em direção da casa onde o cachorrinho havia sido jogado. E descobrimos que ele ia ser jogado na rua de novo.

"Filhotinho a gente doa logo", pensei e recolhi o cachorrinho. Vi, então, que era uma fêmea e que era bem bonitinha...

Seu nome veio nem sei de onde _Neneca_ e assim ficou. "Gentil Neneca", me veio à cabeça no momento em que a peguei no colo. Era um doce, mas ninguém se interessou em adotá-la e ela foi crescendo e ficando na Arca.
Um dia, na veterinária, encontramos uma protetora que possui um abrigo. Olhando Neneca, ela disse "Igual a ela tenho umas três..."... Elas são pequenas, peludinhas, pretinhas... Estão nas ruas, em muitos lugares... Nós também temos visto muitas Nenecas abandonadas.

Mas a Neneca da Arca é só alegria... Não é muito arteira, mas late bastante. É o jeito que encontra para se expressar... Feliz, adora brincar de pega-pega com os outros. Pula, brinca e se diverte na Arca e depois dorme seu sono de anjo, que é o que ela é.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Suzy

Um telefonema:
"Mãe, tem um filhotinho perdido aqui no ponto de ônibus..."
Não fui ver, na hora... A Arca já estava superlotada e já sabia como meu coração é... A manhã foi passando, muitas coisas para fazer... Mas precisei sair e, no caminho, encontrei a cachorrinha enrodilhada na passarela do metrô. Não consegui seguir adiante. Parei e observei que estava com feridas no pescoço e no corpo.
Já tinha visto essa cachorrinha antes, mas ela tinha sumido. Achei (suspeita que depois se confirmou) que ela tinha sido recolhida por alguém. Depois soube que sim, uma mulher a havia acolhido, mas tinha colocado de volta dias depois. Provavelmente foi por causa da sarna, que é comprovadamente difícil de curar.
Voltei, fui até o pet shop e comprei um peitoral e uma guia. Conversando com ela, coloquei o peitoral, mas ela se assustou quando a puxei. Demorou para ela percebeu que eu queria que ela andasse ao meu lado.

E fomos andando até uma clínica veterinária. No caminho, eu ia pensando: "Meus Deus, e agora?" Já estava com o Frederico doente, recolhido com cinomose, e aquela era uma filhote bem debilitada. Se a levasse para casa, ela ficaria mais doente, com certeza. Chegando na clínica, foi diagnosticada com sarna negra. E não havia lugar para ela ali, pois era uma clínica voltada para a proteção animal e estava superlotada.
O jeito foi ligar para a outra clínica, e a veterinária maravilhosa que cuida dos meninos da Arca disse: "Traz prá cá... Vamos ver o que podemos fazer..."...


E nesta clínica ela ficou, por um bom tempo. Tratada, foi vacinada e castrada... Foi tratada com muito carinho e lá fez muitos amigos.
Quando, enfim, pude trazê-la para a Arca, ela já estava bem mais forte e os pelos já tinha crescido um pouco. Era uma pelagem cinza, de um tom prateado, muito bonito.
E Suzy desabrochou e tornou-se uma cachorrinha muito alegre e bem humorada.

Tempos depois, notei que as feridas tinham voltado. A sarna negra é oportunista e volta, cada vez que o animal está debilitado. Notei que ela ficou triste e supus que ela estava com medo de ser abandonada novamente.
(Sim, os animais tem sentimentos e memórias...)
Mais uma batelada de medicamentos, banhos e carinho e pronto, ela se curou novamente...

O que nos comove na história da Susy, é a recuperação do brilho do seu olhar. De uma cachorrinha triste e cabisbaixa, transformou-se em uma cachorrinha com o olhar franco e direto, plácido e feliz. O que o amor e o carinho faz com os seres não tem como explicar, a não ser pela fé.

Quando encontramos um cachorrinho na rua, nem imaginamos como ele ficaria, se bem cuidado.
Quando recolhemos um cãozinho da rua, não temos noção do tamanho do amor que eles nos dedicará para sempre.



E nesse exercício de amor nós também nos transformamos. E conhecemos a força do amor, o seu poder de transformação, sua infinitude...
E sabemos que o carinho é algo que alimenta a alma de quem dá e de quem recebe, e se traduz em brilho e luz, que transborda nos olhares e no coração...







quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Billy, mais uma estrelinha no céu


Terça-feira, 06/09/11, a Arca ficou mais triste e o céu mais estrelado.

Partiu o Billy, nosso vovozinho e vai nos deixar saudades eternas...

Dele, sabíamos apenas que tinha sido encontrado atropelado, que estava se recuperando dos machucados, que era cego e muito velho. Depois, descobrimos que também era surdo, que tinha problemas no coração e na coluna... Passou por duas mãos, até chegar na Arca e ficar por um ano e meio...
Por ser cego e senil, tinha um jeito especial de se enfiar nos lugares mais inusitados e não conseguir sair... Devia ter sido um filhotinho muito lindo e arteiro...
Gostaríamos muito de contar uma estória diferente dele. Que tivesse sido amado e respeitado na sua velhice. Que não tivesse sido abandonado quando mais precisava de apoio. Que ele não fosse um exemplo clássico de abandono...
Mas sabemos que ele foi muito amado aqui na Arca, e que cuidamos dele até o final.

Esperamos ter passado para ele que existe amor nesse mundo e que é possível encontrar carinho e abrigo mesmo na velhice.
Esperamos que ele esteja bem, agora, correndo e brincando com outros cãezinhos, em outro plano.
E que ele se lembre sempre de sua passagem pela Arca e de seus amigos caninos e humanos.
Vai com Deus, meu querido!!!